Mais um conto encontrado na gaveta esquecida!
Às seis horas da manhã, já todos acordavam. A pequena rua tornava-se barulhenta, com o vai-e-vem costumeiro de pessoas indo à feira. Era quarta-feira, afinal. Os legumes estavam fresquinhos.
Na pequena casa de número 668, os portões já estavam sendo abertos por uma velha de nome Adelaide. Era ela a governanta da pequena casa. Portões abertos, abaixou-se para pegar as cartas, que já haviam sido entregues pelo carteiro. Entre contas e bilhetes, havia uma pequena carta em um envelope amarelo, lacrado. Virando-a para saber para quem era a carta, estranhou o fato de não haver nem remetente nem destinatário. Ou seja: quem quer que houvesse escrito-a, tinha que ter colocado ali pessoalmente, e não o carteiro.
Sem muito se importar, levou a carta para dentro e depositou-a na mesa, que já estava colocada com o café da manhã. Sentada em uma cadeira estava a senhora Maria, que, curiosa, foi logo perguntando pra quem era a tal carta amarela.
– Não sei nem de quem é nem pra onde vai. – Respondeu a velha Adelaide. – Só peguei a carta e coloquei aí.
– Que carta? – Foi logo perguntando o senhor Eusébio, filho da dona Maria e dono da casa, que entrava na cozinha com a sua filha, também chamada Maria.
– Essa carta amarela aqui. – Falou dona Maria, mostrando a carta, já aberta.
– Sobre o que fala? – Perguntou seu Eusébio.
– Ainda não sei. – Falou dona Maria. – Mas peraí que digo já! – E dito isso, começou a ler.
– Eusébio! – dona Maria falou minutos depois. – Essa é uma carta de amor para mim! Olha, Adelaide, olha! Será que é do seu Cícero, da igreja?
– Uma carta de amor? Para você? – Seu Eusébio perguntou.
– Por que a surpresa? Ainda estou na flor da idade! Olha, tem até o meu nome! – E mostrou a carta para seu Eusébio, que, terminando de lê-la, tirou o revólver do bolso, saiu da casa e voltou minutos depois, dizendo:
– Se eu perdra você de namorico com o filho do vizinho mais uma vez, minha filha, mato ele e mato tu.