Você é meu único medo

– Do que você tem medo? – Ele perguntou, e eu me vi sem palavras por alguns minutos. O que responder? Como não parecer dona de uma coragem que eu, honestamente, não tinha?

– Não sei. – Acabei respondendo, pra me ver livre desse debate que já ocorria constantemente na minha mente.

– Como você não sabe? Você não tem medo de nada? – Ele insistiu, e dei um pequeno suspiro, preparando-me para o debate que sabia que viria. – Você não tem medo de morrer?

– Não. – Respondi, seca. – Francamente, seria um alívio.

Silêncio no carro. Suspiro de novo e coloco minha mão na sua coxa, inclinando-me pra dar-lhe um beijo na bochecha.

– Desculpa. Mas eu sou honesta, você sabe.

Ele concorda com a cabeça.

– Sei sim.

O silêncio se estendeu por mais alguns minutos, antes que eu resolvesse admitir.

– Tenho medo de te perder. – Minha voz saiu fraca, e nem um pouco parecida comigo.

Ele não respondeu, mas parou o carro no acostamento.

– Repete.

– Tenho medo de te perder. – Repeti, olhando nos olhos dele. – Por favor, não morre.

– Vem cá.

Ele me puxa pra perto e meu coração dança como em uma noite de baile. Era por isso que eu o amava, era por isso que eu temia perde-lo. Ele me fazia acreditar que o amor podia ser eterno.

– Eu te amo. E eu não pretendo morrer nem tão cedo. Agora você vai ter que prometer que vai viver. Comigo. Que vai estar viva pra gente se casar, ter filhos, netos… Por favor, por mim. Tenha um pouquinho de medo.

As gargalhadas ecoaram pelo carro.