Eis a verdade que nunca lhe contam sobre essa frase anônima típica de livros de autoajuda: ela não reflete todas as noites insones em que você ponderou acerca da relevância do seu trabalho, ou mesmo da sua existência. Ela não reflete toda a dor de ser ignorada, de ser interrompida, ou mesmo de ser subestimada. Ela não reflete o vermelho que tinge seus olhos quando a raiva quente toma conta do seu âmago ao perceber que, saindo da boca de seu colega, sua ideia parece genial. Sua primeira menção, originária da sua própria boca, simplesmente não lhe fez justiça.
Ela não reflete a vontade de bater em alguém, de se bater, de nunca mais levantar da cama. Não reflete todos os segundos em que você desistiu, deixando o cansaço tomar conta de si. Ela não reflete os momentos em que você deixou de acreditar em si mesma e em sua capacidade, nem muito menos os momentos em que você se forçou a empurrar seus limites e ir além, muito além, até depois dos seus músculos, seu coração e sua mente pedirem arrego.
Ela não reflete todas as brigas internas e externas, todos os momentos em que você teve de bater o pé e insistir que aquele era seu lugar e que você tinha de provar para si mesma que era capaz. Ela não reflete todos os momentos em que você teve de amadurecer de um minuto para o outro, e todos os momentos em que você simplesmente não conseguiu.
Ela não reflete o momento em que você percebeu o que era ser mulher, ao ser duvidada a cada instante, ao ter de erguer a voz para ser ouvida, ao ser menosprezada. Ela não reflete, de forma alguma, o desespero que lhe abate ao ver uma de suas companheiras não ser agraciada com uma justa promoção, em detrimento de alguém que visivelmente não a merecia.
Eis aqui meu manifesto por tudo que já fiz. O prazer do sucesso não vem da sensação de ter provado que aqueles que me subestimaram estavam errados, mas sim de contribuir para o felicidade daqueles que sempre acreditaram em mim, desde o início.
Eu merecia ser ouvida desde o início.