LINKS DA SEMANA! – WOMAN LIKE ME #NP

 

 

 

 

Um blog pra você visitar toda vez que receber aquela notícia sensacionalista no WhatsApp.

Um artigo de enciclopédia para você aprender mais sobre a rosa branca, um dos poucos grupos alemães que se posicionaram contra as políticas nazistas.

Dezessete receitas de brigadeiros ~diferentões~

Um curso introdutório ao grego clássico

Um artigo que promete te ensinar a tocar violão em dez horas? Me conta aqui embaixo se você conseguiu!

Atualização geral! – “The sun is so hot, the drinks are so cold…”

Um tipo de postagem que eu não fazia há anos, mas acho que já está mais do que na hora de voltar a aparecer por aqui! Principalmente com esse isolamento que está nos deixando com bastante tempo livre, acho que todo mundo tem muita coisa a compartilhar. Primeiramente, acho que é importante dar uma geral da minha vida. 2019 foi meu último ano no curso de Direito e estou oficialmente graduada. No momento, estou me organizando para fazer um mestrado e aproveitando minhas primeiras férias em muitos anos para me aprimorar e estudar assuntos que sempre me interessaram, mas a falta de tempo me impediu de me aprofundar. Também me casei!

Os últimos dois filmes que assisti e que recomendo veementemente são “Dois Papas”, de Fernando Meirelles, e “Entre Facas e Segredos”, de Rian Johnson. O primeiro não é – e nem pretende ser – um restaurador de fé, como “Silêncio”, de Martin Scorsese, brilhantemente consegue ser, mas é divertido, em alguns momentos até engraçado, e reconfortante para quem quer acreditar que a Igreja, enquanto instituição humana, também pode ser reconhecedora das suas próprias falhas e limites. Fica aí a crítica (que vi no Instagram) por Meirelles não ter tido a ideia de lançar o filme aqui no Brasil com o título “Chico e Bento”. Já “Entre Facas e Segredos” preencheu uma lacuna na minha vida que eu havia desistido de remediar, e portanto, tentado esquecer. É o típico mistério à la Agatha Christie e não só consegue ser surpreendente e brilhantemente arquitetado, mas também consegue saciar aquele amor pelo estilo do século XVIII-XIX enquanto ainda se passa no presente, ou seja: demonstrando que é totalmente possível, no tempo do telefone e da internet, escrever uma história de detetive. O fato de no elenco contar alguns dos maiores nomes de Hollywood é apenas um extra.

Em termos de música, redescobri uma (que aqui me aproveitei para intitular essa postagem) de uma banda que já foi uma das minhas preferidas, 3OH!3: “Double Vision”. Embora muitas das músicas do terceiro álbum deles, “Streets of Gold”, não tenham sido esquecidas por mim, essa, infelizmente, foi e vocês não conseguem imaginar minha alegria quando tive o prazer de redescobri-la. Apesar de todas as críticas que podem (e devem) ser tecidas à construção das letras da banda, que de uma maneira ou de outra, realmente demonstram uma visão menosprezante das mulheres da vida dos integrantes, a maneira irreverente em que elas são escritas e o ritmo dançante das canções acabam me ganhando – principalmente porque elas foram descobertas por mim em uma época em que eu não tinha tanto conhecimento para compreendê-las quanto agora.

Falando agora de séries, terminei recentemente “The Good Place”, uma que se tornou minha favorita desde que foi ao ar, há quatro anos. Deixando de fora o fato de que é a primeira vez que encontro uma mídia convencional e popular capaz de introduzir conceitos complexos – no caso, filosóficos -, o que já seria capaz de me impressionar, o seriado consegue ser, pura e simplesmente, engraçado e original, uma combinação muito menosprezada atualmente, onde uma série nova aparece a cada semana nas plataformas de streaming. Para qualquer pessoa que tenha alguma curiosidade com o além-vida, The Good Place oferece uma boa diversão com algumas respostas que podem ser acatadas ou não. Pelo menos, a hipótese está lançada.

Terminei de reler “Razão e Sensibilidade”, de Jane Austen, como minha primeira leitura do ano de 2020. Por muito tempo, não consegui gostar do livro, considerado por muitos o segundo melhor da autora inglesa, mas só agora, talvez devido ao amadurecimento, consigo reconhecer a genialidade da obra. Mesmo que a história em si não venha a agradar ou engrandecer a todos, vale a leitura pelo menos pela perspicácia com a qual Austen consegue reproduzir o caráter da sociedade da época, que, surpreendentemente ou não, não difere tanto do que vemos por aqui hoje em dia. Brilhantes conversas adornam as páginas do livro e qualquer pessoa que queira entender como um diálogo deve ser construído em uma plataforma literária deve estudar esse seu trabalho.

Essa é a atualização que tenho para compartilhar com vocês hoje, espero ter mais novidades em breve!

 

As muitas mortes em vida – #ManiaDeCrítica – “A MORTE E A MORTE DE QUINCAS BERRO D’ÁGUA”, de Jorge Amado

Minha edição de “A Morte e a Morte de Quincas Berro d’Água” me foi presenteada por minha mãe, quando da nossa primeira viagem a minha tão adorada Bahia. No dia 7 de janeiro de 2009, portanto, há quase onze anos, tivemos a alegria de visitar a casa de Jorge Amado, escritor que desde os meus então dez anos representa o melhor que o Brasil tem a oferecer.

Claro, Machado de Assis é um clássico e Euclides da Cunha, citado em todo exame pro vestibular. Mas talvez vítimas de seus tempos, não tiveram a oportunidade de representar certas facetas tão caras à imagem brasileira que infelizmente se perderam em sua tradução ao exterior. Claro que gostamos de relaxar após um dia na labuta, não quer dizer que sejamos preguiçosos. Claro que um golinho de pinga anima a alma, faz querer dançar e cantar até o mais tímido dos conhecidos, não quer dizer que sejamos (todos) alcoólatras. Claro que amar, em sua maneira mais expressivamente carnal, é algo delicioso e como tal, não poderia deixar de ser celebrado por um povo tão acostumado a festejar as pequenas coisas. Contudo, não somos exclusivamente trabalhadores do sexo.

Jorge Amado representa, em meu imaginário pessoal, essa vivacidade baiana que eu transponho ao Brasil como um todo, talvez por amar tanto Salvador e arredores. Infelizmente, ainda só tive a oportunidade de ler este livro que aqui proponho a divulgar, mas não por falta de vontade. Na verdade, o fato de eu ter ficado com esse souvenir da minha viagem à Bahia foi um mero acaso, mas do melhor tipo de acaso, aquele ao qual serei sempre eternamente grata.

Quando questionada acerca de qual livro gostaria de receber de presente, minhas duas escolhas eram “Gabriela Cravo e Canela” e “Dona Flor e Seus Dois Maridos”. Alguém que já tenha tido a sorte de se familiarizar ao menos com a temática dos dois romances deve entender o porquê da relutância tanto do vendedor, quanto da minha mãe e da minha tia, que me acompanhavam, a presentear uma criança de dez anos de idade com tais novelas. Indignada, por me achar, ao menos no sentido literário, extremamente adulta, tive de escolher entre o velho Quincas e “Capitães de Areia”.

Não me perguntem. Não sei porque cargas d’água escolhi o primeiro, mas o que se tornou a minha leitura da viagem me acompanhou até a maioridade na compreensão e admiração da cultura nordestina. “A Morte e a Morte de Quincas Berro d’Água” é um livro quase relato oral de mais um causo fantástico da vida noturna soteropolitana. Sentimos que o autor está nos presenteando com uma estória por ele mesmo prestigiada, enquanto estamos ambos, leitor e escritor, reunidos em torno de uma fictícia fogueira, ouvindo a lenha crepitar e o vento uivar com o cair da noite.

A escrita é uma das melhores partes da obra não somente por isso, mas também por ser capaz de nos demonstrar como uma situação tão peculiar provoca confusão na percepção individual de cada uma das testemunhas oculares do feito. Mais ainda: Jorge Amado é capaz de nos fazer entender todos os níveis que existem em uma mesma conversa. A superficial, qual seja, a que está verdadeiramente sendo dita. A particular, aquela que o interlocutor gostaria de estar dizendo. A receptada, a que o ouvinte efetivamente compreendeu.

Não é difícil entender os motivos que levam cada um dos personagens a serem o que são, mas é impossível odiar quem quer que seja, por mais “antagônico” que pareça. O próprio Quincas, ou Joaquim, não é representado de maneira maniqueísta o suficiente para ser visto como o herói que as lendas devem relatar, mas somos capazes de alcançar o percurso que o elevou até este altar da boca do povo e até mesmo desejar ter tido a sorte de conhecê-lo e talvez compartilhar umas doses em mesas de bar.

É impressionante perceber a genialidade de Jorge Amado ao nos demonstrar não só as diversas visões de um mesmo fato, mas também o fato tal como ele se passou, sem nos entediar ou confundir. É revigorante ler a respeito de alguém que, após uma vida de supressão, limitação e morte – uma espécie peculiar de morte, a do espírito em corpo vivo – resolve quebrar suas amarras, autoimpostas ou forçadas, e viver a vida que deseja, efetivamente ressuscitando um espírito que não deixa de viver quando o coração para de bater.

Estas são as muitas mortes de Quincas Berro d’Água, que morreu muito mais do que duas vezes, como o título sugere. De fato, morreu em algum momento não definido, ainda Joaquim, para depois assassinar essa sua versão e dar origem ao amado Quincas, que, um dia, sucumbe à velhice, mas não deixa de habitar o coração daqueles que o conheceram, nem o imaginário daqueles que leram a seu respeito.

Espero um dia ter também a sorte de, quando meu coração deixar de bater, sobreviver na mente daqueles a quem, de alguma maneira, deixei o que havia de melhor em mim.

Dica de viagem: Tartuferia Sao Paolo – São Paulo

O post de hoje é uma dica rápida, até porque infelizmente eu não tenho fotos pra mostrar desse lugar fantástico – ou se tenho, estão enterradas bem fundo no baú, já que faz muito tempo que não vou a Sampa. Contudo, minha mãe acabou de voltar de uma viagem pra lá e me lembrou da existência desse lugar, que resolvi compartilhar com vocês.

Não é do gosto de todo mundo, mas se você por acaso provou a iguaria que é a trufa (me refiro aqui à espécie de fungo, e não à bolinha de chocolate), e se apaixonou perdidamente pelo sabor que é capaz de aflorar em qualquer prato, você tem de conhecer a Tartuferia São Paolo. Em Sampa, ela está presente em Lorena, Oscar Freire e no Morumbi Shopping, e aparentemente também existem lojas em Curitiba e Goiânia, para os sortudos que quiserem conhecer. O cardápio da loja é montado praticamente todo em cima da bendita trufa, e embora o preço seja um pouco salgadinho, a experiência vale demais.

Eu recomendo o brie empanado com mel de trufas brancas e torradas de entrada, e ando sonhando com um simples linguine ao tartufalo. Ah, e nem a sobremesa escapa! Tem até brigadeiro com trufa. Para ver mais do cardápio, clique aqui!

O bom da trufa é que além dela, não se precisa de muita coisa pra se fazer uma refeição gostosa. Espero que vocês tenham curtido a sugestão! Me conta nos comentários se vocês já foram ou gostariam de ir!

PLAYLIST DO MÊS: JULHO DE 2019

Apesar de fazer literalmente anos que eu não postava nenhuma Parada Musical aqui no blog, o hábito de colecionar as músicas que descobri ou redescobri todo mês continua me acompanhando. E como meu amor por música só cresce com o passar do tempo, resolvi unir o útil ao agradável e voltar a divulgar minhas pérolas mensais aqui com vocês.

Em julho, Ed Sheeran finalmente lançou o seu muito aguardado – principalmente entre fãs antigos do cantor e compositor, como eu – Nº 6 Collaborations Project. Infelizmente, foi uma grande decepção pra mim. Das quinze canções novas, apenas as cinco que constam na playlist me agradaram, e nenhuma realmente grudou na cabeça ou me impressionou com a letra como normalmente acontece quando ouço um novo álbum do cantor ruivo.

Em contraste, uma agradável surpresa foi encontrar o clipe de Main Attraction, canção do ator Jeremy Renner, conhecido por interpretar o Hawkeye (ou Gavião Arqueiro) nos filmes da Marvel, entre a aba de recomendados do Youtube. Apesar de não conhecer muito o trabalho do cara além do seu papel como super-herói, tenho uma admiração real pela sua ética, já que ele era na verdade maquiador antes de ser escalado para atuar nos papéis, e também é conhecido por fazer renovações em casas no seu tempo livre. Música é, portanto, só mais um dos talentos do rapaz, e eu adorei a pegada rock que tanto curtia nos meus dezesseis anos dessa música em especial. Ainda tenho de conferir outros lançamentos do novo cantor.

Outro lançamento muito aguardado desse mês que findou (pelo menos para mim) foi o Singular, Act II, da Sabrina Carpenter, uma atriz cantora que eu gosto bastante desde que a descobri em Girl Meets World. O primeiro ato, lançado no final do ano passado, se tornou um dos meus favoritos desde que eu ouvi, mas conforme a data de lançamento dessa continuação se aproximava e eu assistia a entrevistas da cantora, baixei minhas expectativas, por entender que a separação das músicas ocorreu justamente por se tratar de trabalhos opostos. O primeiro álbum, de fato, é mais atrevido e vivaz, com músicas dançantes de sobra, bem no estilo que aprendemos a amar com o Thank U, Next, da Ariana Grande. Esse segundo traria músicas mais honestas, doces e sentimentais, como a excelente Exhale – lançada como single antes do álbum ser disponibilizado, por isso não consta nessa lista – reflete. Talvez seja o momento de vida que estou vivendo, mas não consegui me conectar tanto com esse quanto de fato me conectei com o anterior. Ainda assim, com apenas nove canções, cinco foram parar na minha biblioteca do Spotify.

Agora, como falar nessa próxima música sem recair em clichês que aqueles que me conhecem já estão cansados de escutar? Não sou capaz de falar no trabalho de Taylor Swift sem ser tendenciosa, mas ao mesmo tempo tenho a firme crença de que seu trabalho como cantora e compositora a tornará uma das artistas mais célebres do século XXI, sendo ouvida por muitos anos, ainda. Archer é o terceiro single lançado para a divulgação do seu sétimo álbum, Lover, que está previsto para a próxima sexta (dia 23), mas estabelece uma quebra de narrativa considerável entre os dois primeiros, ambos divertidos, leves e dançantes. Dessa vez, Taylor fala sobre medo de se apaixonar em uma balada que relembra músicas dançantes dos anos oitenta, com toques sóbrios que demonstram que esse álbum à ser lançado satisfará tanto a nossa vontade de dançar, quanto a de chorar. Essa fã aqui está contando os dias para poder se deleitar com as novas obras primas que com certeza estão por vir.

Por fim, uma música gostosinha pra se ouvir em um fim de tarde. Adoro descobrir novos artistas brasileiros, e esse definitivamente foi o caso de Ana Gabriela. Seu Céu Azul me acalmou e eu me senti abraçada e com uma preguiça boa, daquelas que batem depois de um dia na praia. Também me lembrou muito do trabalho de um amigo meu que também canta, Lucas Lucas. Recomendo a todos sua excelente Visita, disponível no Spotify.

QUEM NOS ESPERA LÁ FORA – PARTE 1

“É matemática simples, por favor não me faça questionar o seu PhD” ela me disse, revirando os olhos. Seu cabelo acobreado, preso em um coque mal-feito, escapava em mechas que caiam sobre suas feições morenas. Ela não parecia perceber, ou se percebia, com certeza não se importava. Seus dedos corriam ligeiros por sobre o teclado metálico do computador que era maior do que nós dois juntos, a testa franzida em concentração.

“Você sabe que eu sou formado em letras, não é?” Questionei, e pude sentir seu revirar de olhos, apesar de não ver o gesto.

“Irrelevante” resmungou, seus dedos ainda numa dança ininterrupta, que só fazia sentido para ela. “Todos deveriam entender o que estou fazendo” esse murmuro saiu com um tom em parte prepotente, em parte cheio de angústia, e eu segurei a gargalhada que ameaçou subir pela minha garganta ao ver a representação de toda a personalidade de Ava nas divergentes entonações de uma única frase.

“Mas aí não precisaríamos de você no grupo, não é mesmo? E que tragédia seria isso!” eu brinquei, e permiti-me rir ao ver o rubor rosado que cobriu seu rosto pelo elogio inesperado.

“Eu deveria formar o meu próprio grupo” ela resmungou, sua atenção ainda nas teclas em sua frente, e foi minha vez de revirar os olhos.

“Você não seria capaz de nos abandonar, a maior diversão que você conhece é explicar conceitos complexos para nós, meros mortais” o lado da boca dela se ergueu, o mais próximo de um sorriso que eu seria capaz de obter.

“Eu sinto que é a minha obrigação, afinal… Não quero viver para sempre em um mundo de medíocres” foi a minha vez de revirar os olhos, e considerando que o relógio não parecia se importar com a nossa pressa e continuava a marchar com a mesma rapidez, não pude evitar a pergunta que escapou os meus lábios.

“Falta muito?” Em dias normais, duvido que Ava teria me deixado permanecer no laboratório. Eu compreendia perfeitamente, no fim do dia, ela ainda era humana, mas a situação era crítica. E como ela tinha pleno conhecimento disso, não obtive nenhuma reação sua, o que considerei uma vitória para a minha dignidade, considerando as últimas vezes em que ela tinha expulsado membros da equipe, aos gritos.

De repente sua voz interrompeu meus pensamentos, tão suave que nem parecia a mulher ao meu lado, que preenchia todos os sentidos dos recintos onde ela entrava. “Confirmado”. A palavra me pareceu estrangeira, apesar de eu ser formado no estudo daquela mesma língua com a qual nos comunicávamos.

“Como?” tive de pedi-la para repetir.

“Confirmado” a palavra permaneceu no ar, nos assombrando. Uma parte da minha mente conseguiu registrar a entrada do resto do grupo, pelo barulho que eles sempre faziam quando estavam todos reunidos.

“Que cara é essa, Kade?” ouvi a voz sempre animada de Dayton chegar até os meus ouvidos, mas ainda não conseguia sair da minha cabeça, que tentava processar as implicações do que tinha ouvido.

“Pessoal?” a voz firme de Chausiku conseguiu me despertar, e dando uma última olhada para Ava antes de comunicar oficialmente ao resto do grupo, acenei com a cabeça em sua direção, esperando conseguir transmitir uma calma e confiança que eu na verdade não sentia.

“Ava terminou de processar o resultado daquele detrito que encontramos e… definitivamente não é terráqueo.”

 

 

Aceito sugestões (qual palavra aprisiona você?)

As palavras nos aprisionam. As não ditas. As ditas. As direcionadas a nós mesmos, com tão pouca delicadeza que nem nosso pior inimigo poderia nos atingir tanto.

Passo meus dias rodeada de palavras. Em livros jurídicos, em mensagens mandadas e recebidas pelo celular, no ar a minha volta, é tudo o que eu consigo ver e pensar.

Por tantos anos defendi o poder das palavras e esqueci de me conceder o mesmo conselho que direcionei a todos aqueles que precisaram de mim. Hoje, sento no chão do quarto coberta pelo manto das sílabas pronunciadas que, de tão repetidas, tingiram minha pele de tal forma que não consigo mais me olhar no espelho sem vê-las refletidas de volta para mim. Quem sabia que cinco letras podiam ter tanto efeito?

Essa é uma tatuagem que não escolhi fazer conscientemente, mas foram minhas ações – e pensamentos – que a trouxeram até mim.

E não sei se há cirurgia que consiga apagá-la da minha alma.

[Mania de Crítica] #MomentoNetflix – Alguém Especial (Someone Great), 2019

“Minha esperança é que se nós somarmos os “só mais um” eles se tornarão uma vida e eu nunca terei de chegar ao momento em que eu te deixo”

Sendo uma grande fã de Gina Rodriguez, que interpreta Jenny, a personagem principal desse filme, mas é mais conhecida pelo seu papel de Jane, em Jane the Virgin, eu não poderia deixar de assistir a esse filme original da Netflix. E eu não me decepcionei, principalmente graças a ela e as duas outras atrizes que interpretam suas melhores amigas, Brittany Snow, de quem eu gosto desde a época de Pitch Perfect, e DeWanda Wise, que foi a minha descoberta favorita desse filme. O que mais me agradou foi ver Gina Rodriguez em um papel tão diferente, falando palavrão à torto e a direito, bebendo demais e usando drogas. Só uma atriz boa como ela não me faria estranhar a mudança tão brusca de papeis, considerando minha obsessão com sua personagem mais pudica. Outro ponto alto é a aparição de RuPaul, sempre um charme, sempre divertido.

Apesar de falar sobre uma história de amor, não se engane: o que realmente importa é a amizade dessas três meninas e a jornada que as levaram a chegar à beira dos trinta, tendo estado juntas desde a faculdade. O namorado de nove anos que acaba com Jenny Young no início do filme – juro que não é spoiler – nada mais é do que o pretexto para elas partirem nessa última saída louca antes da jornalista musical ter de se mudar para São Francisco. Elas então encarnam suas personas universitárias novamente, e batem perna por toda Nova Iorque enquanto discutem sobre a vida e principalmente, suas vidas românticas.

Uma única parte romântica me pareceu fazer esse filme valer a pena: a forma como Jenny é bombardeada por lembranças enquanto percorre seus lugares favoritos da cidade me parece muito realista para quem acabou de sair de um relacionamento de longa duração à contragosto, e a forma como ela passa a ver essas lembranças evolui de maneira a proporcionar a evolução da sua própria personagem. É claro que parece bizarro quando toda essa evolução se dá no período de 24 horas, mas essa é uma das principais características marcantes do filme. Fora isso, esse é absolutamente o tipo de filme para assistir com suas amigas para celebrar sua amizade, porque não considero que traga grandes lições amorosas – apesar de te trazer às lágrimas em uma cena em específico, inclusive, belamente escrita, e que eu cito aqu no início do post.

A iluminação neon das lembranças da Jenny é interessantíssima, e somada à trilha sonora que não poderia deixar de ser sensacional (afinal, a menina é uma jornalista musical!), esse é um filme fácil de assistir numa tarde chuvosa, como foi o meu caso hoje. Não me peguei olhando o celular nenhuma vez, e já estou louca para procurar os outros artistas no Spotify (digo outros porque Lizzo já é uma obsessão minha esse ano).

Em poucas palavras, recomendo para quem quer se divertir, especialmente com amigas, especialmente em uma festa no pijama.

MINHA ROTINA DIURNA

Sempre fui uma grande apoiadora de rotinas, principalmente as matutinas, por acreditar que elas dão o tom do resto do nosso dia. Esse sentimento só aumentou após ler “O Poder do Hábito”, de Charles Duhigg (veja aqui onde você pode acompanhar o que estou lendo), que pretendo resenhar pra vocês em breve! Por isso, estou compartilhando tudo aquilo que faço, exatamente na ordem, quando tenho o tempo para curtir minhas manhãs devidamente.

Quando o tempo está curto, só não posso pular o 2, 6, 7 e 8! É importante sempre ter um plano B, porque a vida é o que acontece quando não estamos planejando, e dessa maneira, não fico me sentindo mal quando acabo dormindo um pouquinho mais ou quando preciso sair de casa mais cedo para não perder a carona…

Quais são seus rituais matinais? Compartilhe aí nos comentários!