Estou lutando para aceitar que as pessoas que amamos não vieram para ficar na nossa vida.
Elas têm vida própria, crescem e evoluem a seu próprio tempo – que não é o mesmo que o meu.
Embora doa vê-las partir, é um conforto saber que as memórias que criamos juntos hão de ficar e farão parte da próxima pessoa que eu serei. Me ajudarão a ser a pessoa que o meu futuro amigo precisa. E assim, mais memórias serão criadas.
Democracia é um conceito difícil de internalizar quando estamos na pele de quem perde. Particularmente nessa última eleição que vivemos, brasileiros, quando ideais tão caros a certos cidadãos parecem estar em jogo.
Mas vamos aqui relembrar o que não está aberto a discussão, por partido político algum, tendo maioria no congresso ou estando como chefe do executivo:
a dignidade da pessoa humana (se quiserem encontrar dignidade nas pessoas jurídicas, não tô nem aí, mas pelamor, não ignorem as de carne e osso).
o valor de uma pessoa, por ela pertencer a uma categoria distinta da que eu pertenço
o debate político, que deve sempre ser livre, aberto e de preferência, de alto nível
a liberdade de expressão
a liberdade artística
Sintam-se à vontade para acrescentar à lista o que mais a Constituição garante que todos os lados parecem ter esquecido, mas apesar de tanto quererem, nada pode ser excluído.
Essa manhã, gostaria de homenagear todos aqueles por quem passo na rua e nunca nem olhei duas vezes.
As pessoas, ah, as pessoas!
Tão apressadas, tão relaxadas! Tão capazes de incitar os sentimentos mais diversos sem nem falar uma sílaba.
Pena, raiva, carinho…
Eu sou uma amante da humanidade, apesar dos pesares.
Apesar dos pesares, não consigo desconfiar de ninguém.
Todos têm histórias tão particulares e peculiares… Como posso julgar sem conhecer? Gostaria de conhecer.
Desde criança me pego fascinada pelos passantes na rua, imaginando seus sonhos, amores e decepções… Todos eles são personagens principais na história de suas vidas, enquanto na minha, não passam de figurantes. Como pode?
Talvez seja por isso que eu escrevo: para atingir as pessoas que ainda não conheci. Somente assim posso falar com quem ignora a minha existência, e rezar para que eles me compreendam.
As palavras me precedem, e espero que consiga, por meio delas, provocar uma boa impressão.
Mas isso não me impede de sentar e lembrar da época em que minhas pernas ainda eram curtas: minha felicidade, muito mais fácil de ser alcançada – com os pés fora do chão.
Eu sempre fui uma sonhadora (sou pisciana, afinal), e quando não estava escondida atrás de livros, estava vivendo no meu próprio mundo imaginário, onde nada me abalava e monstros só existiam para serem derrotados.
O dia em que esse mundo parou de existir foi o dia em que tudo ficou complicado, eu acho.
Mas não sei indicar qual foi.
Não foi quando o vermelho tingiu meus lençois.
Não foi quando atingi o limite e não podia mais subir no balanço.
Não foi quando assoprei as quinze velas do meu bolo de aniversário.
Só sei que não consigo voltar a co-habitar os dois mundos paralelos em que vivia – o real e o imaginário.
Encaixotei meus amigos imaginários em uma estante empoeirada, e não temos mais o que conversar.
Esse mundo de concreto e pedra não é suficiente para mim, nunca foi.
Mas perdi meu passaporte para a floresta encantada, e, na falta, sento-me em frente ao computador e escrevo.
Esse clássico de 1961 continua mais atual do que nunca, falando de uma xenofobia que infelizmente ainda não conseguimos deixar para trás. É uma história que simplesmente nunca envelheceu. Basta você ouvir uma das últimas frases de Maria, a mocinha do filme, que avisa às duas gangues paralisadas pela cena em frente à elas que a causa das mortes que o bairro vivenciou não foram as armas utilizadas e balas disparadas, mas sim o ódio que eles tinham em seus corações. Não é difícil sentir o seu próprio se partir ao ouvir ela afirmando que agora ela mesma poderia se tornar uma assassina, pois tudo o que ela podia sentia naquele momento era ódio.
“Amor, Sublime Amor”, seu nome em português, ou simplesmente “West Side Story”, é uma versão adaptada de um musical da Broadway de mesmo nome e que por sua vez é uma releitura de Romeu e Julieta. As comparações são inevitáveis, mas não se engane: não é porque você sabe de cor e salteador a famosa história de William Shakespeare que você será capaz de adivinhar o final desse filme.
De toda maneira, apesar da história principal extremamente clichê (garota conhece garoto, romance proibido mas instantâneo, tristeza apocalíptica para todos os envolvidos, que infelizmente não se resumem nunca ao casal principal), este filme vale as 2h33min do seu investimentos por MUITOS motivos, que aqueles que amam musicais ou cinema, de uma maneira geral, não podem resistir.
Para começar, é um filme de crime e gangues, um drama, um romance água-com-açúcar e um musical, tudo em um. De uma maneira que simplesmente não é mais feita hoje em dia, o que significa simplesmente que funciona.
Natalie Wood, a Maria (personagem principal) do filme.
Se você não é muito fã de musicais pela música em si, você tem de assistir a esse pela dança, pelo menos. É absolutamente inacreditável. Coordenada por Jerome Robbins, que de tão perfeccionista acabou sendo afastado do projeto, o qual também dirigia, por fazer com que os custos de produção esperados fossem ultrapassados. Ele fazia as cenas de dança serem repetidas sucessivamente, para o desgaste do elenco e da produção.
O figurino também é extraordinário! Fãs da moda, principalmente do final dos anos cinquenta, início dos sessenta, vão adorar a composição de Bert Henrikson, particularmente no que se refere às meninas, com seus vestidos delicados e ao mesmo tempo sensuais. Eles parecem parceiros de dança, do jeito que se animam à vida.
Não sei onde vi a ideia para essa postagem, mas arquivei aqui o rascunho há muito tempo e finalmente resolvi liberar a minha listinha, junto com uma breve resenha e o porquê desses livros terem me marcado tanto.
As Seis Maiores Decisões Que Você Vai Tomar na Vida – Sean Covey
Achei esse livro por acaso na Saraiva do Natal Shopping quando tinha uns dez anos, e meu pai insistiu em me dar de presente. A minha edição tem uma dedicatória linda dele, e eu guardo com muito carinho porque logo nas primeiras páginas o autor pede que façamos daquela obra um caderno, anotando, grifando, desenhando, marcando as páginas como se fosse um retrato da nossa vida escrito a duas mãos. É quase um diário compartilhado, entre você e o autor, que nas 336 páginas tenta te guiar pelo mundo incrivelmente confuso da adolescência. O livro foi inspirado no trabalho que o pai do autor, Stephen Covey, desenvolveu durante os anos, criando livros como “Os Sete Hábitos das Pessoas Altamente Eficazes” e “O Oitavo Hábito”, todos voltados para adultos. Sean decidiu redirecionar sua atenção para um público ainda mais necessitado, e assim, adaptou o maior sucesso do seu pai para adolescentes (criando o “Os Sete Hábitos dos Adolescentes Altamente Eficazes”) e, depois, esse que aqui recomendo, que na verdade li primeiro – e não me arrependo. Apesar de ter sido lançado depois e com um espírito de “continuação”, esse é muito mais divertido e nem um pouco entediante, como devo admitir que senti que o primeiro era.
2. O Morro dos Ventos Uivantes – Emily Brontë
Todos que me conhecem sabem da minha devoção por esse livro. Oito anos após a minha primeira leitura deste livro, ainda não sei explicar o fascínio que ele exerce sobre mim. Ainda não conheci ninguém que considere o amor de Catherine e Heathcliff como ideal (graças a Deus), mas conheci poucos que reconheçam que o que há entre eles é verdadeiramente amor. Eu reconheço, embora não inveje a situação deles.
3. Harry Potter e a Pedra Filosofal – J.K. Rowling
Não sei nem por onde começar, quando trato deste livro… J.K. Rowling é a quem devo o meu desejo de ser escritora. Ainda me admiro com sua capacidade de criar um mundo tão magnífico, que leva tantas crianças a acreditarem que é real. Não tenho como listar tudo o que aprendi com a série, que represento aqui pelo seu primeiro livro, mas tenho a certeza que qualquer um que tenha lido vai concordar comigo: Harry Potter nos deixou mais criativos e abertos para a magia que existe ao nosso redor.
Eis as conclusões a que cheguei à respeito da maneira que funciona a construção jurídica (sem considerar o papel da doutrina), pensada inicialmente no contexto do Direito Internacional mas que pode ser utilizada para abarcar todo o Direito:
De um lado, temos a remediação e, do outro, a prevenção geral. A prevenção geral, assim denominada porque normalmente procura anteceder o surgimento de problemas, embora igualmente possa ser inspirada pela existência deles, resume-se à criação de legislação, seja ela na forma de convenção, lei ou afins. Ela surge na tentativa de justamente prevenir a necessidade dos processos de remediação, mas nunca houve na história da humanidade a existência de tal anomalia: um texto que todas as variáveis previsse.
Assim, deparamo-nos com o outro lado da moeda: a remediação, que cria o direito na resolução de casos, ou seja, no caso-a-caso, e até que seja (pelo menos no assim ainda reconhecido países de civil law) solidificada em estrutura de prevenção, não necessariamente vinculará outras partes em situações idênticas ou quase idênticas ou as mesmas partes em situações diferentes. A remediação, então, pode se dividir em duas categorias, a que é encabeçada pela conciliação e pela mediação, e a que é exemplificada pela arbitragem e pela existência do judiciário. Na primeira, há a redução à termo de um acordo, enquanto na segunda, há a imposição de uma solução.
Reparem a diferença sútil, porém crucial, entre as duas categorias: uma conta com a participação das partes na construção do resultado jurídico do processo que aqui discuto, enquanto na outra as partes não tem nenhum dizer no resultado final – mas lembremos, é claro, que no caso da arbitragem há a escolha dos árbitros e sempre haverá alegações de defesa de pontos de vista, de maneira que as partes terão ferramentas para tentarem obter o sucesso que esperam.
Por fim, resta-me apenas observar que a prevenção geral também conta com a participação das partes, se é que elas podem assim serem identificadas antes mesmo da existência de um litígio. De fato, todos pesam na escolha do texto que vinculará as possíveis (e prováveis) futuras antagonistas, seja por meio da votação das pessoas que acabarão por dar forma a ele ou de uma maneira mais direta.